Jesus Cristo está diante da multidão que O cerca para ouvi-Lo – pura e
simplesmente – sem saber qual deve ser o grau de pertença ao Reino de
Deus. Engraçado é notar as pessoas que O escutavam, pois eram de renome
em matéria de religião. Eram os chefes religiosos do Judaísmo.
Jesus começou assim a Sua pregação: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 4,17). João Batista, Seu percursor, tinha começado da mesma maneira: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2).
Na parábola, o Mestre compara aquela geração a um grupo de crianças
que tenta se comunicar com outro grupo, com brincadeiras de alegria ou
de tristeza. Porém, o outro grupo não corresponde, fecha os olhos, a
boca e ouvidos para não ouvir, falar e ver, acabando por rejeitar todas
as tentativas de diálogo com as outras. Por isso: “Com quem posso comparar as pessoas de hoje? Com quem elas são parecidas?” (Lc 7,31).
Assim como Jesus censurou a geração do tempo de João Batista, também hoje Ele continua falando: “A
quem hei de comparar esta geração? Nós tocamos músicas de casamento,
mas vocês não dançaram! Cantamos músicas de sepultamento, mas vocês não
choraram”. Estamos diante de pessoas que se alegram com o
sofrimento dos outros. Não conseguem chorar com os que choram, sorrir
com os que sorriem, comer com os que comem, viver com os que vivem. Uma
sociedade fechada no seu casulo.
As pessoas só pensam nos próprios interesses e não querem saber nada
sobre os outros. O bem, a confiança, a justiça, a fraternidade, a
comunhão, o amor, o respeito pela pessoa – e pelo que lhe é alheio –
desapareceram entre as pessoas. Muitos homens e mulheres não querem se
converter, não querem abandonar a vida do pecado.
Ao “João Batista” de hoje, que faz o seu anúncio de conversão de
maneira austera – como um asceta – é chamado de louco. E os ministros
sagrados que agem na pessoa de Jesus, que na simplicidade, humildade e
solidariendade se abeiram do pobre, do excluido, do doente e do
abandonado chamam-no de pecador e publicano. E é chamado de comilão e
beberrão.
A sociedade se esquece que o Reino dos Céus é para os simples e
humildes. Aqueles que Jesus chama de “pobres em espírito”. A razão é
porque os pobres, pecadores e excluídos não são escravos da riqueza e do
poder e, consequentemente, acolhem o convite à conversão tanto feita
por João Batista quanto por Jesus e continuada pelos discípulos e
missionários de Jesus Cristo.
Que você, meu irmão, tenha a prudência de aceitar as advertências de
Jesus, para não deixar escapar e passar o tempo da sua missão, este
tempo no qual estamos, durante o qual Ele poupa mais uma vez a sua vida.
Se ela é poupada, é para que você se converta e que ninguém seja
condenado, porque você não sabe quando virá o fim dos tempos. Deve,
portanto, viver o tempo da graça, o tempo da salvação, o tempo da fé.
Caso contrário, Jesus gritará bem alto nos seus ouvidos: “Com quem posso comparar esta geração?”.
Padre Bantu Mendonça
Nenhum comentário:
Postar um comentário