A imprensa registra,
periodicamente, fatos exóticos ou escandalosos envolvendo iniciativas
pedagógicas no campo da educação sexual. Quando isso acontece, escolas
que pretendiam atuar responsavelmente nesse campo, recuam, e os pais
ainda mais. O tema é delicado.
Afinal, educação sexual é
necessária? Sim, e muito. Os equívocos que se tem percebido nas
experiências feitas decorrem de idéias erradas sobre o que seja
Educação. Isso não é incomum porque raramente quem exerce o poder, ou
quem exerce a hegemonia no campo da cultura, abre mão da prerrogativa de
instrumentalizar a sala de aula. E a educação – educação de verdade –
acaba punida com suspensão. A educação sexual deveria versar sobre
responsabilidade moral.
A liberalidade com que o
temário é abordado nos meios de comunicação tem feito com que as
crianças deste final de milênio pareçam ter vindo ao mundo perfeitamente
a par dos “fatos básicos da vida” (como se dizia antigamente), da mesma
forma como parecem nascer gostando de ketchup e sabendo mexer com
computador e outros instrumentos eletrônicos.
Portanto, a necessária
educação sexual não deve ser confundida com simples instrução sobre
anatomia sexual, desenvolvimento dos órgãos sexuais e fisiologia do ato
sexual. Menos ainda há de ser vista como simples oportunidade curricular
para orientar a garotada com vistas à prática do chamado sexo seguro.
Educação vai bem além da informação. Nos tempos de FHC já era por esses
maus caminhos que as coisas andavam.
Com Lula, piorou nuito. A força
política dos movimentos ultraliberais dentro do governo quis levar para
a sala de aula não apenas a informação, mas a divulgação das
alternativas sexuais, apresentando-as aos jovens como um cardápio de
degustação. Assim, tivemos o kit gay e, em 2010, a distribuição do
livreto “Mamãe como eu nasci?” (procure por ele no Google), que levou os
desenhos tipo Carlos Zéfiro para dentro da sala de aula, com direito à
propaganda da masturbação. Tudo para crianças.
Quanto mais forem estimuladas
as “brincadeiras sexuais” entre crianças (é esse o nome dado por muitos
peritos em sexualidade infantil que andam por aí) mais estamos
preparando o terreno para a pedofilia. Por outro lado, quanto mais os
jovens parecem saber sobre sexo, mais evidências dão de andar
desorientados sobre os muitos aspectos que transbordam da questão
anatômica e fisiológica e que envolvem o caráter incomparavelmente
humano da sexualidade.
Ao contrário do que a cultura
contemporânea se empenha em sustentar, nenhuma ação que pratiquemos é
apenas biológica ou animal. Se tudo o que fazemos é humano por natureza,
que dizer-se do ato com que a própria vida tem origem? Quanto mal
produz quem transmite a jovens (e a adultos) conceitos que reduzem o
sexo a artigo de consumo, a pessoa ao corpo e o corpo a um parque de
diversões! Toda ação humana envolve uma escolha entre agir e não agir. E
tanto uma quanto a outra implica o discernimento moral e a
responsabilidade pessoal ante a opção feita.
Há uma passagem em Lucas (Lc
17.1-3) que merece ser citada para ressaltar a malevolência em que
incorre o material pedagógico antes referido, mormente quando
reiteradamente se revela política de governo: “É inevitável que haja
escândalos, mas ai daquele que os causar! Melhor lhe fora ser lançado ao
mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um
só desses pequeninos.”
Não me surpreendeu saber que o
autor do tal livro, que tem um parceiro de prateleira chamado “Menino
brinca de boneca?”, graduou-se em Cuba. Faz sentido. Faz sentido que com
esse notável background pedagógico conquiste a glória e as facilidades
do erário num governo petista
* Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
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