O Evangelho nos convida a conhecer, a
fundo, o Coração de Cristo e, assim, experimentar o grande amor com que
Ele veio nos salvar!
No chamado de Mateus, encontramos, antes de tudo, um olhar: “Jesus viu um homem chamado Mateus” (cf.
Mt 9,9). Um olhar lançado em direção à pessoa – um homem – por isso um
olhar ao essencial e mais importante entre as realidades criadas. Mas
quem olha? Aquele que é o Filho do Homem, perfeito Homem e Homem
perfeito, o qual tinha tudo para não querer se envolver com os
miseráveis pecadores do seu tempo, inclusive desta nossa época.
O Seu olhar é a primeira forma de tocar com compaixão. Em seguida, o Senhor disse: “Segue-me!”.
Olhar e Palavra conjugam-se para comunicar um só amor redentor que
fornece força para o outro se levantar; amor de restauração. Mateus,
pelo Espírito Santo, deixou tocar pela Palavra que dá a vida: “Ele se levantou e seguiu-o” (v. 9).Este homem do Evangelho era visto por muitos, e talvez, confundido com mais um colaborador do Império Romano que explorava o povo; logo, um judeu em contato constante com pagãos. Além de um impuro, os cobradores de impostos eram acusados de pecadores pela fama de se aproveitarem de seu próprio povo com ganhos ilícitos. Quem sabe não era, também, uma errada forma de render-se a um rótulo ritualista e generalizado, como: ” Sem fazer nada…já me acusam, então vou fazer o que dizem…!”
Claro que nada justifica um pecado de exploração, mas esta possibilidade explica que o preconceito e as generalizações podem se tornar jugos malditos e contribuírem ainda mais para o pecado social. Nisto também o amor misericordioso de Jesus fez e continua a apontar para a diferença: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes” (v. 12). Jesus será sempre a nossa melhor resposta, frente aos desequilíbrios pessoais, comunitários e sociais! Ele que, ao longo do tempo, continua a convocar pessoas frágeis na alma e no corpo.
O Catecismo da Igreja Católica forma os
cristãos sem diminuir o Poder de Deus para a liberdade do Espírito Santo
em agir perante as misérias da amada humanidade: “O Espírito Santo
dá a algumas pessoas um carisma especial de cura para manifestar a força
da graça do ressuscitado. Todavia, mesmo as orações mais intensas não
conseguem obter a cura de todas a s doenças. Por isso, São Paulo deve
aprender do Senhor que ‘basta-te a minha graça, pois é na minha fraqueza
que minha força manifesta todo o seu poder’ (2Cor 12,9), e que os
sofrimentos que temos de suportar podem ter como sentido ‘completar na
minha carne o que falta às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a
Igreja’ (Cl 1, 24)” (CIC, nº 1508).
Assim, fracos como Mateus ou semelhantes
ao apóstolo Paulo, somos os publicanos, fariseus ou discípulos de Cristo
da atualidade que continuam necessitados da salvação, ensinada pela
unção dada a nós (cf. 1Jo 2, 20.26-27), a qual precisa vir sempre
acompanhada de uma disposição à comunhão com todos na verdade e
misericórdia. Este caminho de humildade nos leva a ouvir, de forma
renovada, atenta e inclusiva: “Ide, pois, aprender o que significa
‘misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim
chamar, mas a pecadores’” (Mt 9, 13).
Pelo Espírito Santo e também o nosso olhar se torna diferente!
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova
Comunidade Canção Nova
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