Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los dois a dois e dava a eles
autoridade sobre os espíritos impuros. E os enviou com um único
objetivo: anunciar a vinda próxima do Reino dos Céus. Dois a dois. Como
se fossem testemunhas de uma verdade perante o mundo que não a conhecia.
O envio de dois a dois era próprio do tempo de Cristo, pelo que dizia
respeito aos mensageiros enviados para atestar uma mensagem. Também
podemos ver nessa situação uma oportunidade para o mútuo apoio em
situações difíceis. Jesus, no início de sua escolha, chama de dois a
dois os irmãos pescadores.
“Não tomem pelo caminho se não unicamente bordão, nem alforje, nem pão, nem cobre na cintura”. As
ordens eram positivas: bordão, sandálias e uma túnica. Coisas
necessárias para o caminho, pois nunca se caminhava descalço e um bordão
era necessário tanto para se apoiar naquele caminho rude e difícil como
arma defensiva contra os bandidos. Uma túnica é o mínimo que devia
cobrir um corpo nu.
As ordens negativas eram: não levar o alforje, que correspondia não
ao cesto onde os judeus carregavam as provisões, – especialmente o pão e
vinho em sua peregrinação para Jerusalém – mas ao embornal dos mendigos
que muitos missionários ambulantes levavam em suas missões. Também
impede o dinheiro que era carregado numa bolsa na cintura ou dentro da
faixa com que se atava a túnica ao redor dos rins. O texto fala de
cobre, as moedas mais pobres sem ouro ou prata. Evidentemente com isto
queria dizer que não podiam recolher qualquer dinheiro, nem como pobres,
em sua missão, mas que vivessem da Divina Providência.
Os enviava com recursos até menores que os que tinham os mendigos, os
mais pobres, para indicar que seu trabalho missionário não dependia dos
valores humanos, mas da confiança que a Ele deviam: ao jovem rico manda
dar tudo aos pobres para segui-Lo. A pobreza era uma das
características de Jesus, que “não tinha nem onde reclinar a cabeça” (Mt
8, 20).
E o Mestre ainda disse aos Doze: “Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo”.
Se nas ordens anteriores era o caminho quem ditava as condições de
pobreza para evitar se enriquecer com o pretexto da missão, agora coloca
os discípulos como hóspedes gratuitos daqueles que aceitam o Evangelho.
Caso não sejam recebidos, Jesus anuncia o que deve ser feito,
profetizando que tal cidade teria um fim ainda pior do que foi dado às
cidades que representavam no mundo antigo dos judeus o pecado
propriamente dito: “Se não forem recebidos ao sair daquela cidade
sacudi o pó sob vossos pés para testemunho. Em verdade vos digo: Mais
tolerável será no dia da condenação para os de Sodoma e de Gomorra do
que para aquela cidade”.
Como missionários, Jesus neste texto quer nos firmar na vivência da
Providência Divina, pois ao discípulo e missionário nada faltará. Deus
providenciará todo o necessário. E, como cristãos, quer que abrindo o
nosso coração recebamos e ajudemos com os nossos bens àqueles que Deus
nos envia como seus apóstolos e missionários. Quero salientar o aspecto
do dízimo: não é um “favor” que o cristão faz contribuir com o seu
dízimo. Mas sim um dever de todo o batizado.
Padre Bantu Mendonça
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