O presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Raymundo Damasceno Assis, cardeal
arcebispo de Aparecida (SP), esclareceu, nesta sexta-feira, 31, a
posição da Igreja sobre a resolução 1995/2012 do Conselho Federal de
Medicina (CFM) no âmbito da prática da eutanásia. O assunto foi abordado
durante coletiva de imprensa concedida pela presidência da CNBB na quinta-feira, 30.
Um
portal de notícias chegou a divulgar que a CNBB teria feito “Nota” para
tratar do assunto, o que não aconteceu. A “Nota” apresentada, na
verdade, diz respeito à “Defesa dos direitos dos povos indígenas”.
Entre
os pontos esclarecidos, Dom Damasceno lembrou que a resolução do CFM é
para disciplinar alguns procedimentos médicos quando se trata de um
paciente em estado terminal e não para autorizar a eutanásia.
“Essa
prática (eutanásia), no Brasil, não é permitida por lei. O código de
ética médica é muito claro em relação a isso, quando diz que é vedado ao
médico abreviar a vida, ainda que a pedido do paciente ou de seu
representante legal”, disse. Veja abaixo outros esclarecimentos:
A resolução não é uma nova lei e não autoriza a eutanásia
“Primeiramente,
trata-se de uma resolução. Portanto, é uma norma para disciplinar
certos procedimentos médicos em relação a um paciente terminal. Ou seja,
não se trata de autorização para eutanásia. Essa prática (eutanásia),
no Brasil, não é permitida por lei. O código de ética médica é muito
claro em relação a isso, quando diz que é vedado ao médico abreviar a
vida, ainda que a pedido do paciente ou de seu representante legal. E,
do ponto de vista moral e ético, também, é claro, não podemos defender a
eutanásia, porque a vida é um dom precioso. É o primeiro dom que nós
recebemos. É a base e o fundamento de todos os direitos da pessoa
humana. Temos que respeitá-la, desde seu começo até o seu término
natural”.
A pessoa não é obrigada e nem impedida de recorrer a recursos extraordinários
“Agora,
esta resolução trata apenas das normas para um médico poder agir de
maneira legal e ética em relação a um tratamento de um paciente em fase
terminal. Isto é, sem nenhuma perspectiva de recuperação, de melhoria,
do ponto de vista do médico. Então, a pessoa não está obrigada e nem
impedida de recorrer a recursos extraordinários, para se manter em vida.
Não está obrigada a estes recursos extraordinários, essa complexidade
tecnológica de que hoje a medicina está equipada, para manter um doente
vivo, sem nenhuma perspectiva de cura, de recuperação. O médico deve
atender o paciente da melhor maneira possível, utilizando todos os meios
naturais, normais, para o seu tratamento. A título de exemplo: não se
pode tirar do paciente o alimento, a ingestão de líquido, a que ele tem
direito. Porque, aí sim, é matar a pessoa. Então, todos os recursos
normais, naturais, conhecidos como cuidados paliativos, o médico deve
utilizar para tratar do doente”.
A CNBB não é contrária
“Da
forma que a resolução está colocada, a CNBB não é contra, enquanto se
trata do uso de recursos extraordinários, complexos, que podem trazer
mais sofrimento para o paciente, para a família; podem acarretar custos
onerosos para a família do paciente, sem nenhuma esperança ou garantia
de recuperação. Então, devem ser utilizados todos os recursos normais e
naturais próprios para o tratamento de qualquer paciente”.
É preciso fiscalizar a aplicação da resolução
“A
fiscalização deve ser feita para garantir os recursos básicos para os
pacientes em casos terminais. Evidentemente, cabe ao hospital, ao
conselho de medicina cumprir esta fiscalização. O código de ética médica
é muito claro sobre isso: o médico está proibido de abreviar a vida do
paciente, seja por desejo do paciente ou de seu representante legal.
Então, a vida nós temos que respeitar. É um dom de Deus. Temos que
acolhê-la, defendê-la e promovê-la”.
Milagres acontecem
“Para
nós que somos discípulos missionários de Jesus, há sempre a firme
esperança de uma intervenção extraordinária de Deus, contrariando toda
lógica das enfermidades ou dos procedimentos terapêuticos. Precisamos
estar sempre abertos à possibilidade da cura, mesmo quando tudo parece
não ter mesmo jeito. Essa é uma atitude de fé que não pode, de nenhum
modo, ser negada ou sufocada”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário