O próximo Sínodo dos Bispos, que
será realizado em outubro deste ano em Roma, na Itália, traz como tema
"A Nova evangelização para a transmissão da fé cristã". Mas se engana
quem pensa que a nova evangelização é uma prática restrita ao clero.
Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior lembrou que a Igreja acontece, de
fato, no dia a dia das pessoas.
O padre cita a formação e o
enraizamento da fé cristã como fatores essenciais para que os cristãos
assumam a ação evangelizadora sem correrem o risco de transmitirem uma
mensagem adulterada. Complementando essa formação, o sacerdote destaca a
necessidade das pessoas se livrarem das influências do mundo para então
serem capazes de evangelizá-lo.
"Eu vou para o mundo
evangelizar, mas eu tenho que romper com a mentalidade mundana. Eu tenho
que ser capaz de falar uma linguagem que este mundo entenda, mas eu não
posso ter uma linguagem mundana. Então estarmos no mundo, mas não
sermos mundanos, seria essa a ideia".
Participação da comunidade
Padre
Paulo Ricardo lembra a importância do Sínodo dos Bispos, uma vez que
este constitui a reunião dos pastores da Igreja Católica que visa ao
diálogo e à troca de experiências dos bispos. Nesta reunião, eles são
iluminados pela Palavra de Deus nas decisões que a Igreja adota.
E
se o Sínodo é bom para a tomada de decisões, a participação da
comunidade torna-se essencial para colocá-las em prática. “É evidente
que a Igreja acontece de verdade no meu dia a dia, na minha comunidade,
porque são comunidades cristãs reunidas ao redor da Eucaristia que fazem
com que realmente haja a Igreja e o cristianismo. Então eu preciso me
alimentar da Eucaristia, da fé da Igreja e transmitir isso para as
pessoas”, disse padre Paulo.
E como toda grande missão envolve
desafios e dificuldades, o sacerdote alertou que as pessoas precisam
estar prontas para assumir esta tarefa que é gesto de caridade e amor
crucificado. Dessa forma, o cristão precisa de dispor a pagar o preço da
sua fidelidade, desse amor que é aliança com os outros.
“Os
bispos em Roma se reúnem, isso é coisa boa e importante, mas é
importante que eu aqui também faça a minha parte e esteja disposto a
morrer pelo Evangelho, porque é assim que a Igreja viveu e vive ao longo
dos séculos e é assim que nós vamos chegar no céu”.
A nova evangelização: o que é?
Padre
Paulo Ricardo explicou que a nova evangelização significa que, de
alguma forma, perdeu-se a primeira evangelização. Ele contou que o Papa
Bento XVI, desde a época em que era padre, já alertava os cristãos para o
fato de que vive-se em um mundo que já não é mais cristão.
“O
mundo em que nós vivemos é fundamentalmente pagão. Isso quer dizer que o
nosso mundo é parecido com aquele que São Pedro e São Paulo tiveram que
enfrentar quando eles evangelizaram”.
Porém, o sacerdote destaca
que, antes, o Evangelho era pregado para um mundo que ainda não era
cristão. Hoje, é preciso pregar o Evangelho em um mundo que não é mais
cristão.
“Tem uma diferença e é por isso que nós chamamos de
Nova Evangelização, porque é um mundo que, de alguma forma, já está
vacinado contra nós, já tem preconceitos com relação ao cristianismo, à
Igreja. Então nós precisamos de novos métodos, de uma nova forma de
abordar esse mundo que está aí e precisa ser evangelizado”.
Igreja e as novas tecnologias
Hoje,
além da própria Palavra de Deus, a evangelização pode contar com o
auxílio do ambiente digital. Padre Paulo Ricardo afirmou que a Igreja
está aberta a essa contribuição, o que, inclusive, constitui um apelo
feito pelo Papa Bento XVI.
“O próprio Papa Bento XVI fez um
apelo à Igreja no mundo inteiro e, sobretudo, aos sacerdotes que usassem
mais os meios digitais”. O padre contou que, a partir desse apelo, ele
mesmo começou a investir mais na evangelização por meio desse ambiente
digital, que permite à evangelização alcançar lugares onde a ação
evangelizadora não chegaria.
“Nós temos que olhar tudo isso como
graça de Deus, como grandes oportunidades da providência divina para
nós levarmos o Evangelho a todo um povo que espera a Palavra de Deus”.
O que falta para a evangelização?
Mesmo
com tantos recursos, a exemplo das Sagradas Escrituras, do Sagrado
Magistério e da Sagrada Tradição, que compõem os fundamentos da fé
cristã, aliados às novas tecnologias, a evangelização ainda não alcança
todos.
Para padre Paulo, o primeiro passo que os cristãos devem
dar como Igreja é ter a coragem de ser pequeno, ou seja, ter a coragem
de adotar um discurso que, mesmo não agradando a todos, consiga “pescar”
pessoas para Deus, como costuma dizer o monsenhor Jonas Abib.
“Se
formos um pequeno rebanho fiel, a gente atinge a massa. Mas se a gente
quiser se confundir com a massa, o sal vai perder o seu gosto, a luz vai
perder o seu brilho. Então é importante, na nova evangelização, sermos
aquilo que somos chamados a ser: sal da Terra, luz do mundo. Nós não
somos a Terra e nem o mundo, mas é assim que a gente faz a evangelização
e a transformação da Terra e do mundo”.
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