A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta terça-feira, 10, uma nota de pesar pela morte do Cardeal Eugênio de Araújo Sales,
arcebispo emérito do Rio de Janeiro. O secretário-geral da CNBB, Dom
Leonardo Steiner, manifesta solidariedade com o povo e com os familiares
do cardeal, particularmente com seu irmão, Dom Heitor de Araújo Sales,
arcebispo emérito de Natal (RN).
Na nota, a CNBB agradece a Deus
pela trajetória de Dom Eugênio, "cheia de frutos para a vida da Igreja e
do povo". "Dom Eugênio foi uma permanente referência da Igreja nos
momentos mais significativos da vida social e política no Brasil. Ele
jamais se recusou a dar sua palavra firme, ortodoxa, clara a respeito
dos mais importantes princípios da vida moral tanto da pessoa quanto da
sociedade", destaca.Por fim, Dom Leonardo enfatiza
que "nossa oração nos consola na certeza de sua páscoa [de Dom Eugênio] e
na esperança de que esse nosso irmão compartilhava da convicção que nos
foi deixada pelo apóstolo de que a 'a coroa da justiça' está reservada
para ele pelo Senhor, o justo juiz, que dará essa coroa, não somente a
ele, 'mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação' (
2Tm 4,8)".
O corpo do mais antigo Cardeal da Igreja Católica
chegou à Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro, às 12h desta
terça-feira, 10, onde acontece o velório com Missas de duas em duas
horas. Nesta quarta-feira, 11, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João
Tempesta, presidirá a Missa Exequial às 15h, seguida do sepultamento na
cripta da mesma Catedral. *A Missa será transmitida ao vivo pela TV Canção Nova
Leia abaixo a nota na íntegra:
A
Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) recebe, com profundo pesar, a
notícia da morte do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, arcebispo
emérito do Rio de Janeiro (RJ), ocorrida no final da noite desta
segunda-feira, 9 de julho de 2012.
Dom Eugênio é uma verdadeira
página da história da Igreja no Brasil. Seu caminho de vida percorrido
como padre e bispo está associado aos marcos do trajeto feito pela
comunidade dos discípulos missionários de Cristo neste país. Ordenado
padre em 1943, desempenhou trabalho pastoral na então diocese de Natal
(RN) onde veio a ser bispo auxiliar da já arquidiocese de Natal, em
1954, por nomeação do Papa Pio XII.
Nomeado como arcebispo de
Salvador e Primaz do Brasil, em 1968, criado Cardeal no Consistório de
1969, Dom Eugênio ficou na Bahia até ser transferido pelo Papa Paulo VI
para a arquidiocese do Rio de Janeiro, em 1971, lugar onde exerceu seu
pastoreio até a renúncia aceita pelo Papa João Paulo II, em 2001.
Inspirado
pelo seu lema episcopal, “Impendam et Superimpendar” (alusão a 2Cor 12,
15: “Quanto a mim, de muito boa vontade gastarei o que for preciso e me
gastarei inteiramente por vós”), Dom Eugênio foi Padre Conciliar do
Vaticano II, criador da Campanha da Fraternidade e também apoiou o
Movimento de Educação de Base e as Comunidades Eclesiais de Base.
Homem
de vasta cultura, sempre teve admiração por parte da sociedade
brasileira. Por tudo isso e pela sua expressão de pastor, Dom Eugênio
foi uma permanente referência da Igreja nos momentos mais significativos
da vida social e política no Brasil. Ele jamais se recusou a dar sua
palavra firme, ortodoxa, clara a respeito dos mais importantes
princípios da vida moral tanto da pessoa quanto da sociedade.
Era
um comunicador que chegava, com facilidade, ao entendimento da opinião
pública, mesmo depois de se tornar arcebispo emérito do Rio de Janeiro,
Dom Eugênio manteve publicação regular de seus textos em um blog na internet.
Recentemente,
por ocasião da Páscoa deste 2012, ele mesmo determinou que seria
publicado um último artigo no qual ele escreveu: “Ao passo que a
alegria, presságio do transcendente, faz-nos sentir algo superior às
experiências comuns, ela, todavia, acorda em nós o mais próprio, o mais
íntimo de nós mesmos. Será que não está inscrita na experiência pura e
honesta da alegria uma tênue e todavia forte certeza de que a mais
profunda realidade de nosso ser é imagem do eterno? Este estado de alma é
como uma atmosfera jubilosa de nossa mente, que se reflete em nossos
sentimentos e que se irradia em nossos relacionamentos humanos”.
Despedimos-nos
de Dom Eugênio com este sentimento que ele antevia em sua reflexão,
isto é, com “presságio de transcendência”. Agradecemos a Deus pela sua
caminhada cheia de frutos para a vida da Igreja e do povo e nos
solidarizamos com seus familiares, especialmente com seu irmão Dom
Heitor Araújo Sales, arcebispo emérito de Natal, com a arquidiocese do
Rio de Janeiro e com Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de
Janeiro.
Nossa oração nos consola na certeza de sua páscoa e na
esperança de que esse nosso irmão compartilhava da convicção que nos foi
deixada pelo apóstolo de que a “a coroa da justiça” está reservada para
ele pelo Senhor, o justo juiz, que dará essa coroa, “não somente a ele,
“mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação”( 2 Tm
4,8).
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
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