Para o padre Francisco Gomes esse "dar tudo" significou deixar sua casa, sua família, seus amigos, sua cultura e sua pátria para levar a mensagem de Cristo àqueles que nunca ouviram falar Dele.
"Foi quando eu estive na Itália, onde vivi por 9 anos, e no Japão, por 4 anos, que eu entendi o que o Senhor estava me pedindo 22 anos atrás quando senti meu chamado. Pois, deixando para trás quase tudo para seguir Jesus vi a beleza deste chamado”, conta o missionário.
Uma grande inspiração para padre Francisco foi a Encíclica Redemptoris Missio, escrita pelo Papa João Paulo II. Nela, o beato salienta que não há pessoa indigna do Evangelho, reforçando que todos os homens e mulheres têm o direito de conhecer Jesus.
“Se nós que estamos no Brasil, que estamos aqui no ocidente, tivemos a graça de conhecer Jesus, por que não, nossos irmãos que estão na Ásia?”, questionou-se padre Francisco. Assim, ele partiu em missão para o outro lado do mundo, para o Japão.
Mesmo depois de quatro séculos de evangelização, apenas 1% da população japonesa é cristã e neste grupo estão incluídos todos os católicos, anglicanos, luteranos e outras denominações cristãs.
Para todo missionário que chega ao Japão, tanto aqueles do Pontifício Instituto das Missões Exteriores - como é o caso de padre Francisco, bem como os xaverianos, os jesuítas e os franciscanos, a primeira coisa a se fazer é aprender o idioma do povo. E isso vale para qualquer missionário em qualquer país, pois o principal instrumento de trabalho do missionário é a palavra.
“O primeiro desafio é a língua. O idioma é muito difícil, mas muito interessante. Com um pouco de sacrifício e empenho acabamos aprendendo”, afirma o missionário.
Revista Mundo e Missão
Padre Francisco Gomes esteve no 3º Congresso Missionário Nacional em Palmas (TO) de 12 a 15 deste mês
“A fé cristã tem uma forma diferente de encarar o outro, ver a questão do amor, do respeito, do perdão. Para um japonês é muito difícil perdoar quem o ofendeu. A maior ofensa para um japonês é ser humilhado diante do grupo. E o ser cristão é isso, é saber perdoar. Jesus nos mostra isso na cruz, que no momento mais difícil da vida, em que a gente não encontra forças, é preciso perdoar e perdoar a todos”, ressalta.
Uma entre muitas histórias
Padre Francisco conta que quando estava estudando o idioma, um senhor japonês, Akira San, o ajudou a praticar. Quanto ele terminou o estudo e precisou ser transferido, Akira o convidou para almoçar num restaurante e lhe disse: “Padre Francisco, eu tenho uma confissão a fazer. Quando eu te conheci, comprei um livro sobre o cristianismo".
Akira disse ainda que estava nascendo dentro dele uma grande alegria e uma esperança. Em seus 55 anos sempre achou que a vida acabasse com a morte, mas conhecendo um pouco a fé cristã, ele descobriu que existe outra vida depois da morte e que existe um Deus que pagou um caro preço para salvar a humanidade.
"Eu não sei se um dia serei cristão, mas hoje eu sou muito mais feliz do que eu era antes e isso graças a você", disse Akira ao padre.
O sacerdote pede que todos os católicos rezem pelas vocações, pois a messe é grande e os operários são poucos (cf. Lc 10,2).
“Como Akira San existem muitas pessoas na Ásia e na África que estão esperando por missionários que levem esta mensagem de paz, alegria e esperança que salva”, reforça padre Francisco.
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