O combate à violência não é
tarefa só da polícia, envolve também a sociedade. Essa foi uma das
ideias defendidas pelo Papa Bento XVI durante a audiência com os membros
da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal). Os
participantes do órgão estiveram reunidos com o Santo Padre nesta
sexta-feira, 9, durante sua 81ª Assembleia Geral.
"Combater a
violência é um compromisso que deve envolver não só as instituições e
organismos, mas a sociedade como um todo, incluindo as entidades
religiosas. Cada um tem a sua parcela específica de responsabilidade por
um futuro de justiça e de paz", frisou Bento XVI.
O Pontífice
lembrou ainda que uma sociedade justa também requer uma pacífica
convivência civil. Ele condenou com veemência fenômenos como o
terrorismo e o crime organizado, considerados pelo pontífice "uma ofensa
a toda a humanidade".
Com relação ao combate ao crime, o Santo
Padre pediu uma maior colaboração internacional. Ele enfatizou que essa
luta contra a criminalidade deve sempre respeitar os direitos humanos.
"É
um dever reprimir o crime no contexto das normas morais e jurídicas,
porque a ação contra a criminalidade deve ser sempre conduzida no
respeito pelos direitos humanos", disse.
O Santo Padre lembrou
ainda as diferentes formas que a violência assumiu na época atual,
depois das grandes esperanças suscitadas pelo fim da Guerra Fria.
"As
formas mais graves de criminalidade podem ser identificadas no
terrorismo e no crime organizado. O terrorismo é uma das formas mais
brutais de violência, semeia ódio, morte e desejo de vingança. Esse
fenômeno, de subversiva estratégia típica de algumas organizações
extremistas, transformou-se em uma rede obscura de cumplicidades
políticas, utilizando também meios tecnológicos sofisticados,
importantes recursos financeiros e desenvolveu projetos de grande
escala", frisou o Papa.
Bento XVI condenou o tráfico de pessoas,
forma moderna de escravidão, bem como o tráfico de remédios, usados
principalmente pelos pobres, que matam em vez de curar. "Um comércio que
se tona mais abominável quando se trata de órgãos humanos de vítimas
inocentes. Esses crimes quebram as barreiras morais da civilização e
repropõem uma forma de barbárie que nega o ser humano e sua dignidade".
O
Santo Padre reiterou que "a violência é sempre inaceitável, pois fere
profundamente a dignidade humana". Ele lembrou a importância de coibir o
crime e defender a sociedade, mas ressaltou que também é necessário
cuidar do arrependimento e correção do criminoso, “que é sempre uma
pessoa humana e não deve ser excluído da sociedade, mas recuperado”.
“Ao
mesmo tempo, a colaboração internacional contra o crime não pode se
limitar apenas em operações policiais. É essencial que a necessária obra
repressiva seja acompanhada pela atenção aos fatores de exclusão social
e indigência que podem fomentar a violência”.
No momento da
saudação, o Papa manifestou sua gratidão à Interpol pela colaboração com
a Gendarmaria vaticana, especialmente nas viagens apostólicas
internacionais.
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