Foi apresentado nesta
terça-feira, 20, no Vaticano, o esperado terceiro volume da trilogia de
Bento XVI sobre “Jesus de Nazaré”, que aborda a infância de Jesus. O
novo livro divide em quatro capítulos o arco histórico que começa na sua
genealogia e termina na separação e reencontro com os pais, em
Jerusalém.
O volume foi apresentado à imprensa em nove línguas,
incluindo português para o Brasil, e sai simultaneamente em 50 países,
com uma tiragem inicial de um milhão de cópias. Nos próximos meses, será
traduzido em 20 línguas e publicado em 72 países.Para o presidente do Pontifício
Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, um dos responsáveis
pela apresentação mundial da obra, “o livro tem um significado especial
para os católicos por causa do tema da encarnação, mas também é válido
para todos, já que toca temas como as crianças, a maternidade, a
paternidade, o massacre dos inocentes, a fuga do Egito. São episódios
que enfrentam 'temas dramáticos', que não interessam apenas aos
católicos", disse.
A professora de teologia na PUC do Rio de
Janeiro, Maria Clara Bingemer, esteve presente na coletiva e afirma que o
estilo do livro une "rigor intelectual, profundidade e erudição com uma
espiritualidade, afetividade espiritual muito grandes".
Segundo
ela, o livro traz uma vasta bibliografia e pode ser tomado como fonte
de estudos, porém, é mais para ser rezado e meditado, e seu "tom de
espiritualidade" servirá de preparação para o Natal.
Maria Clara
comenta a reflexão sobre a liberdade humana trazida pelo livro no
episódio da anunciação do Anjo à Virgem Maria e e a fé de São José.
“Ele
[o livro] faz reflexões muito importantes sobre a liberdade humana,
quando comenta sobre a pessoa de Maria, como Deus se encarna, pedindo
consentimento, a liberdade humana, o respeito pela sua criatura... isto é
muito bonito. Ele ressalta também a fé das pessoas, quer dizer, a fé de
Maria, de José... é muito bonita a reflexão sobre José que se vê diante
daquela situação, em que sua noiva está grávida e não é dele. Ele
acredita que o que está acontecendo com ela é do Espírito Santo, recebe o
menino, lhe dá nome e tudo. É linda esta parte. Depois, vai mostrando
como na encarnação do Verbo o processo de crescimento acontece, quer
dizer, não é porque Jesus é Deus e filho de Deus que está tudo
prontinho, ele vai crescendo, e o Papa diz isso. É muito bonito quando
comenta todo o episódio do templo, aos 12 anos; ele vai crescendo em
graça, em sabedoria, em estatura, e tudo....”.
Quatro capítulos
O
primeiro capítulo da obra apresentada hoje no Vaticano é dedicado à
ascendência de Jesus narrada nos evangelhos de Mateus e Lucas,
diferentes entre si mas com o mesmo significado teológico: o
aparecimento na História e a sua origem verdadeira, que marcam um novo
início na história do mundo, adianta a Rádio Vaticano.
O anúncio
do nascimento de João Batista e de Jesus ocupa a segunda parte da obra,
onde Bento XVI sublinha que Deus, “de certa maneira, fez-se dependente”
da humanidade porque se sujeitou ao “‘sim’, não forçado, de uma pessoa
humana”, Maria, que aceitou ser mãe.
O contexto histórico do
nascimento de Jesus, sob o Império Romano, e o estudo dos elementos que
compõem as suas narrativas nos Evangelhos, como a pobreza e o presépio,
constituem temas abordados na terceira parte.
No quarto e último
capítulo, Bento XVI apresenta a perspetiva sobre os sábios que viram a
estrela e a seguiram até ao local do nascimento de Jesus, a que a
tradição cristã dá o nome de reis magos, e a fuga de Jesus, Maria e José
para o Egito por causa da perseguição da autoridade judaica.
O
epílogo acompanha o relato do último episódio da infância, narrado no
evangelho segundo São Lucas, quando na peregrinação pascal a Jerusalém,
Jesus, então com 12 anos, se afasta de Maria e de José para entrar no
templo, onde discutiu com os doutores.
O livro, de 176 páginas,
tem um prólogo do Papa e se divide em quatro capítulos e um epílogo.
“Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar
muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus”, sublinha Bento XVI.
O
primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ foi publicado em 2007 e era
dedicado ao início da vida pública de Cristo (desde o batismo à
transfiguração). A obra vendeu mais de dois milhões de cópias. A segunda parte foi apresentada em março de 2011,
e tratava os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua
ressurreição. Bento XVI começou a escrever a obra no verão de 2003,
antes de sua eleição como Papa.
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