Autêntico caso de martírio pela fé
e cenas da maior criminalidade na Polônia dos anos oitenta.
e cenas da maior criminalidade na Polônia dos anos oitenta.
A
beatificação está associada com a decisão de autêntica santidade cristã, cujas
virtudes praticadas em grau heróico ou martírio foram confirmados por meio de
um processo. A morte de padre Jerzy
Popiełuszko foi claramente reconhecida, no entendimento teológico,
como martírio autêntico. Foi uma morte causada pela fé e o ódio contra a fé. O
padre foi considerado perseguidor do regime comunista, com todos os seus
fatores determinantes que afetam os autores diretos dos crimes. Este, de modo
inerente, era um sistema hostil à Igreja e à fé, sobre o que escreveu, em 1937,
o Papa Pio XI na encíclica Divini
Redemptoris (carta encíclica sobre o comunismo ateu).
O Padre George nasceu em 14 de setembro de 1947, na aldeia Okopy da região de
Białystok. Seus pais, Mariana e Vladislau, trabalhavam na agricultura. As
condições de vida eram difíceis, mas os pais criaram os filhos com muito
cuidado. Em primeiro lugar estava o Senhor Deus, a Santa Missa e a oração da
família reunida. A decisão sobre a escolha do sacerdócio foi tomada após a
graduação no segundo grau. Em 1965, ingressou no Seminário Arquidiocesano, em
Varsóvia. Foi ordenado sacerdote em 28 de maio de 1972.
Durante o seu ministério sacerdotal executou
muitas tarefas. Em fevereiro de 1979, recebeu a função de pastor do grupo
médico em Varsóvia. Dedicou muita atenção às questões da defesa da vida dos
nascituros e da necessidade de prestação de assistência concreta às mulheres
grávidas, que se encontrava em situações difíceis.
No domingo memorável de 31 de agosto de 1980, quando o país inteiro estava
tomado por uma onda de greves, os trabalhadores dos estaleiros de Huta que
estavam protestando em Varsóvia, estavam à procura de um sacerdote que pudesse
celebrar as santas missas em suas instalações. O Cardeal Wyszyński enviou o seu
capelão. Sem qualquer plano prévio, o Cardeal parou em frente à Igreja de São
Estanislau Kostka. Lá descobriu que apenas o padre Popiełuszko poderia ir.
Desta forma, pareceria um acaso, mas começou a grande aventura do ministério espiritual
para o povo trabalhador. Após a missa o padre Geroge permaneceu no estaleiro
até a noite e desde então vinha várias vezes por semana.
Desde o início da guerra, o Pe. Popiełuszko foi "alvo" do Serviço
Secreto da República Popular da Polônia (Służba Bezpieczeństwa PRL). Os
oficiais invadiram o presbitério. Foi por milagre que escapou da prisão. Ao
ficar em liberdade ocupou-se, com devoção, à organização de ajuda aos presos,
às suas famílias e todos que se encontrava em situação difícil.
O Pe. Popiełuszko simplesmente gostava das pessoas. Sem imposição e obsessão
podia realmente interessar-se com profundidade pelo homem, sua vida, sua
perspectiva, seus problemas. Atraía-as para si porque sentiam a sua bondade.
Era mestre em fazer contatos, construir relacionamentos, criar ligações. Era um
patrono para todos aqueles que individualmente estavam em busca de realizações,
sofrendo de isolamento e mesmo com tratamentos caros em psicoterapeutas não
eram capazes de superá-lo. Sem contar com os empecilhos, interferia por aqueles
que eram os mais oprimidos. Era defensor de sua dignidade humana. Como escreveu
João Paulo II na Encíclica Veritas
Splendor os mártires são os guardiões “da fronteira entre a verdade
e a mentira”. O Pe. Popiełuszko defendeu durante toda a sua vida uma fronteira
clara entre a verdade e a mentira. Falava do valor da verdade e da mediocridade
das mentiras apoiadas em muitas palavras que, mesmo assim, desvanecem
rapidamente.
Em seus
sermões, falou muito sobre a liberdade. Ressaltava que a liberdade não
significa anarquia, isto é, fazer toda e qualquer coisa que o homem deseje e o
que é viável, mas que seja pela livre busca do bem. Vencer o mal com o bem.
Permanecer livre do ódio, da repressão e da vingança. O Pe. Popiełuszko levava
café quente para os policiais gelados, que durante o inverno em plena lei
marcial vigiavam sua casa.
Desde fevereiro de 1982, assumiu a celebração de missas pela Polônia. Elas eram
celebradas regularmente no último domingo do mês, e logo começou a reunir multidões
de fiéis. Ouviam-no os trabalhadores e professores, opositores e até mesmo
aqueles pertencentes ao partido da oposição. As pessoas vinham de toda a
Polônia, de mês a mês vinham mais e mais pessoas. Não é de admirar que logo por
parte das autoridades aparecessem provocações e tentativas de intimidação. Nas
missas pela Pátria ocorriam muitas conversões, muitos voltaram para a Igreja
depois de muitos anos ou até depois de dezenas de anos, e muitos pediam para
ser batizados.
Mês após mês, a atmosfera em torno Pe. Popiełuszko tornava-se cada vez mais
tensa. Sempre era seguido, sabia que sua moradia era vigiada e o telefone
gravado. Não escapou de artigos difamatórios na imprensa e muitas horas de
oitivas no posto policial.
Em setembro de 1983, junto com Lech Walesa organizou a primeira peregrinação de
trabalhadores para Jasna
Góra (para o santuário de Częstochowa – e esta idéia mantêm-se até
hoje). Um ano mais tarde recebia telefonemas anônimos: “Se fores novamente para
Jasna Góra –
vais morrer”.
O Martírio
Em 19 de outubro de 1984, o
Pe. Popiełuszko foi para Bydgoszcz, onde na Igreja dos Santos Mártires
Poloneses celebrou a Santa Missa. Suas últimas palavras foram: "Rezemos
para que fiquemos livres do medo e da intimidação, mas principalmente do desejo
de vingança e violência." No caminho de volta, à noite, o carro do padre
foi parado na estrada por uma patrulha “policial”. Na verdade, vestida com
uniformes da milícia estavam os funcionários do Serviço Secreto - Grzegorz
Piotrowski, Waldemar Chmielewski e Leszek Pękała. Do superior dos mesmos, Adão
Pietruszka, receberam ordens especiais que os isentaria de qualquer controle. O
padre, constrangido com a mordaça na boca foi espancado até a inconsciência com
um bastão de madeira. Carregado com pedras, o corpo mutilado foi colocado em um
saco foliado e foi jogado no rio Vístula, perto da barragem na região de
Włocławek. O corpo foi encontrado em 30 de outubro. Durante esse período, toda
a Polônia rezava pelo retorno do padre Gregório. A notícia de seu sequestro e
assassinato deram a volta ao mundo. Seu funeral foi em 03 de novembro de 1984,
e atraiu cerca de 600 a 800 mil pessoas de todo o país. Já dois dias depois
chegaram na Cúria de Varsóvia os primeiros pedidos de sua beatificação
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