sexta-feira, 19 de outubro de 2012

28 Anos do Mártirio do Beato Jerzy Popieluszko

Autêntico caso de martírio pela fé
e cenas da maior criminalidade na Polônia dos anos oitenta.
A beatificação está associada com a decisão de autêntica santidade cristã, cujas virtudes praticadas em grau heróico ou martírio foram confirmados por meio de um processo. A morte de padre Jerzy Popiełuszko foi claramente reconhecida, no entendimento teológico, como martírio autêntico. Foi uma morte causada pela fé e o ódio contra a fé. O padre foi considerado perseguidor do regime comunista, com todos os seus fatores determinantes que afetam os autores diretos dos crimes. Este, de modo inerente, era um sistema hostil à Igreja e à fé, sobre o que escreveu, em 1937, o Papa Pio XI na encíclica Divini Redemptoris (carta encíclica sobre o comunismo ateu).
    O Padre George nasceu em 14 de setembro de 1947, na aldeia Okopy da região de Białystok. Seus pais, Mariana e Vladislau, trabalhavam na agricultura. As condições de vida eram difíceis, mas os pais criaram os filhos com muito cuidado. Em primeiro lugar estava o Senhor Deus, a Santa Missa e a oração da família reunida. A decisão sobre a escolha do sacerdócio foi tomada após a graduação no segundo grau. Em 1965, ingressou no Seminário Arquidiocesano, em Varsóvia. Foi ordenado sacerdote em 28 de maio de 1972.
    Durante o seu ministério sacerdotal executou muitas tarefas. Em fevereiro de 1979, recebeu a função de pastor do grupo médico em Varsóvia. Dedicou muita atenção às questões da defesa da vida dos nascituros e da necessidade de prestação de assistência concreta às mulheres grávidas, que se encontrava em situações difíceis.
    No domingo memorável de 31 de agosto de 1980, quando o país inteiro estava tomado por uma onda de greves, os trabalhadores dos estaleiros de Huta que estavam protestando em Varsóvia, estavam à procura de um sacerdote que pudesse celebrar as santas missas em suas instalações. O Cardeal Wyszyński enviou o seu capelão. Sem qualquer plano prévio, o Cardeal parou em frente à Igreja de São Estanislau Kostka. Lá descobriu que apenas o padre Popiełuszko poderia ir. Desta forma, pareceria um acaso, mas começou a grande aventura do ministério espiritual para o povo trabalhador. Após a missa o padre Geroge permaneceu no estaleiro até a noite e desde então vinha várias vezes por semana.
    Desde o início da guerra, o Pe. Popiełuszko foi "alvo" do Serviço Secreto da República Popular da Polônia (Służba Bezpieczeństwa PRL). Os oficiais invadiram o presbitério. Foi por milagre que escapou da prisão. Ao ficar em liberdade ocupou-se, com devoção, à organização de ajuda aos presos, às suas famílias e todos que se encontrava em situação difícil.
   O Pe. Popiełuszko simplesmente gostava das pessoas. Sem imposição e obsessão podia realmente interessar-se com profundidade pelo homem, sua vida, sua perspectiva, seus problemas. Atraía-as para si porque sentiam a sua bondade. Era mestre em fazer contatos, construir relacionamentos, criar ligações. Era um patrono para todos aqueles que individualmente estavam em busca de realizações, sofrendo de isolamento e mesmo com tratamentos caros em psicoterapeutas não eram capazes de superá-lo. Sem contar com os empecilhos, interferia por aqueles que eram os mais oprimidos. Era defensor de sua dignidade humana. Como escreveu João Paulo II na Encíclica Veritas Splendor os mártires são os guardiões “da fronteira entre a verdade e a mentira”. O Pe. Popiełuszko defendeu durante toda a sua vida uma fronteira clara entre a verdade e a mentira. Falava do valor da verdade e da mediocridade das mentiras apoiadas em muitas palavras que, mesmo assim, desvanecem rapidamente.
Em seus sermões, falou muito sobre a liberdade. Ressaltava que a liberdade não significa anarquia, isto é, fazer toda e qualquer coisa que o homem deseje e o que é viável, mas que seja pela livre busca do bem. Vencer o mal com o bem. Permanecer livre do ódio, da repressão e da vingança. O Pe. Popiełuszko levava café quente para os policiais gelados, que durante o inverno em plena lei marcial vigiavam sua casa.
    Desde fevereiro de 1982, assumiu a celebração de missas pela Polônia. Elas eram celebradas regularmente no último domingo do mês, e logo começou a reunir multidões de fiéis. Ouviam-no os trabalhadores e professores, opositores e até mesmo aqueles pertencentes ao partido da oposição. As pessoas vinham de toda a Polônia, de mês a mês vinham mais e mais pessoas. Não é de admirar que logo por parte das autoridades aparecessem provocações e tentativas de intimidação. Nas missas pela Pátria ocorriam muitas conversões, muitos voltaram para a Igreja depois de muitos anos ou até depois de dezenas de anos, e muitos pediam para ser batizados.
    Mês após mês, a atmosfera em torno Pe. Popiełuszko tornava-se cada vez mais tensa. Sempre era seguido, sabia que sua moradia era vigiada e o telefone gravado. Não escapou de artigos difamatórios na imprensa e muitas horas de oitivas no posto policial.
    Em setembro de 1983, junto com Lech Walesa organizou a primeira peregrinação de trabalhadores para Jasna Góra (para o santuário de Częstochowa – e esta idéia mantêm-se até hoje). Um ano mais tarde recebia telefonemas anônimos: “Se fores novamente para Jasna Góra – vais morrer”.

O Martírio
Em 19 de outubro de 1984, o Pe. Popiełuszko foi para Bydgoszcz, onde na Igreja dos Santos Mártires Poloneses celebrou a Santa Missa. Suas últimas palavras foram: "Rezemos para que fiquemos livres do medo e da intimidação, mas principalmente do desejo de vingança e violência." No caminho de volta, à noite, o carro do padre foi parado na estrada por uma patrulha “policial”. Na verdade, vestida com uniformes da milícia estavam os funcionários do Serviço Secreto - Grzegorz Piotrowski, Waldemar Chmielewski e Leszek Pękała. Do superior dos mesmos, Adão Pietruszka, receberam ordens especiais que os isentaria de qualquer controle. O padre, constrangido com a mordaça na boca foi espancado até a inconsciência com um bastão de madeira. Carregado com pedras, o corpo mutilado foi colocado em um saco foliado e foi jogado no rio Vístula, perto da barragem na região de Włocławek. O corpo foi encontrado em 30 de outubro. Durante esse período, toda a Polônia rezava pelo retorno do padre Gregório. A notícia de seu sequestro e assassinato deram a volta ao mundo. Seu funeral foi em 03 de novembro de 1984, e atraiu cerca de 600 a 800 mil pessoas de todo o país. Já dois dias depois chegaram na Cúria de Varsóvia os primeiros pedidos de sua beatificação

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