“Há a necessidade de propor e
promover uma pedagogia de paz”, afirmou o Papa Bento XVI, na conclusão
de sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2013. Dentro dessa pedagogia, o
Santo Padre fala de pensamentos, palavras e gestos que criam uma
mentalidade e uma cultura de paz. Mas, de que forma colocar essa cultura
de paz em prática? Quais os caminhos para ser um “obreiro da paz”?
A coordenadora da Pastoral
Nacional da População de Rua, Irmã Maria Cristina Bove afirma que,
diante da ausência de paz nas cidades, regidas muitas vezes pela
violência, pela discriminação, pela intolerância, é necessário humanizar
as situações de vida, promover muitos gestos de paz e acreditar que ela
é possível.
“Precisamos colocar no lugar dessa violência
gestos que tragam a paz, não só resolvam a situação imediata da
população, mas que as ajudem a terem alimentação adequada, habitação,
saúde e direito a todos os espaços que tem qualquer cidadão.”
Na
mensagem, o Papa Bento XVI sugere que se ensine aos homens a virtude do
amor recíproco. Segundo Irmã Cristina, esse é um processo que exige
mudanças sociais, que passa pelo perdão e por um olhar voltado para os
que mais sofrem.
“Temos que mudar essas estruturas injustas e
olhar a partir de uma ótica diferenciada que defenda os direitos de cada
pessoa. A partir da população de rua, vemos que a sociedade precisa
voltar seu olhar para esse povo. Temos que compreender esse mundo em que
eles estão e a sociedade desenvolver gestos que possam ajudar as
pessoas a viverem com seus direitos garantidos.”
Perdão: a didática para a pedagogia da paz
A
conclusão da Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz é permeada por
aspectos que envolvem a pedagogia do obreiro da paz. Entre eles estão a
benevolência, a reconciliação, o serviço, a compaixão, a coragem e a
perseverança. Bento XVI explica que é indispensável difundir a pedagogia
do perdão para que tais aspectos se concretizem.
De acordo
com Irmã Cristina, quem perdoa experimenta a paz em sua totalidade. “O
perdão faz parte da nossa história, temos que construir e viver nessa
construção do amor, do perdão, da solidariedade, superar situações que
nos incomodam, nos ferem e saber criar um diálogo que possa superar as
situações de discriminação.”
Para a religiosa, é fundamental
viver um constante processo de reencontro com o outro, perdoando,
reencontrando-se nas relações e nos gestos. “É isso que fará com que
reconheçamos que o mais importante é o amor e o perdão.”
Exercício prático para a pedagogia da paz
Na
tentativa de tornar a pedagogia da paz uma obra concreta, Irmã Cristina
propõe alguns caminhos, como gestos de aproximação, compaixão,
solidariedade, coragem e perseverança.
“É preciso ter coragem
para se aproximar do outro, conhecê-lo, ver a sua dignidade como pessoa
humana, enfrentar as diferenças e acolher as pessoas. É necessário dar
atenção aos mais sofridos, aos pobres de rua, afinal, são pessoas que
romperam seus vínculos, têm muitos sofrimentos e enfrentam muitos
conflitos.”
Aos que desejam exercer o papel de instrumentos e
obreiros da paz, Irmã Cristina, aconselha: “Comece a olhar aquele que
está ao seu lado, os mais pobres, os mais fragilizados, que sentem mais a
dor e o sofrimento e assim comecemos a olhar as pessoas de outra forma.
Que se comece a cuidar mais dos outros, a fazer gestos que rompam com
as lógicas das injustiças e violência. Devemos assumir esse processo de
lutar sempre pela paz.”
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