Desde sua origem, a Igreja esteve
presente nas realidades próprias de cada tempo, cumprindo o mandato de
Jesus de ser sal da terra e luz do mundo. A Igreja esteve presente no
surgimento da imprensa, depois no cinema, no rádio e na TV. Nos dias
atuais, o desafio da Igreja é ser presença nas novas tecnologias que
estão inovando o processo de comunicação.
TVs, rádios, sites,
redes sociais e novas ferramentas tecnológicas estão à disposição da
Igreja para a propagação da fé, da espiritualidade e dos valores
cristãos. E é expressivo o número de organismos católicos já presentes
nos meios de comunicação social, especialmente nas novas tecnologias.
De
acordo com o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação
da CNBB, padre Clovis Andrade, da Comunidade Canção Nova, é necessário
compreender as realidades do tempo presente, suas linguagens próprias e a
diversidade de formas e símbolos. Entendendo estes ambientes, a Igreja é
convidada a anunciar o Reino de Deus aos homens e mulheres de hoje,
inseridos em uma nova cultura, em novos sujeitos e em novas relações.
Os frutos da presença da Igreja nos meios virtuais
Padre
Clóvis afirma que é possível verificar resultados positivos nas
diversas iniciativas da Igreja Católica nos meios virtuais. Segundo ele,
estas iniciativas explicitam a forma de evangelizar na web de cada
organismo religioso, que do seu jeito, constroem uma verdadeira riqueza
para a Igreja e a sociedade como um todo.
Uma das iniciativas
oficiais da Igreja Católica é a Rede de Informática da Igreja no Brasil
(RIIBRA), organismo ligado ao Pontifício Conselho para as Comunicações
Sociais. Seu objetivo é viabilizar a ação evangelizadora da comunidade
eclesial no Brasil, articulá-la em rede, torná-la mais dinâmica e
ampliar o espaço de escuta, comunhão e colaboração entre os católicos.
Atualmente, padre Clóvis Andrade é o responsável pelos trabalhos da
RIIBRA.
Além desta, outras atividades como portais, sites,
blogs, iniciativas de formação humana, de evangelização direta e
indireta, catequese para os jovens, games educativos para crianças, uma
grande diversidade de ações concretas são realizadas nos mais variados
segmentos.
Segundo o padre, o grande desafio atual é
fortalecer as iniciativas já existentes, gerando comunhão para que
possam crescer cada vez mais e aprofundar a formação para o real sentido
da presença da Igreja na Rede.
Evangelização dos jovens nas redes
Dados
do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) mostram que 83% dos
jovens brasileiros, com idade entre 15 e 16 anos, possuem perfil em
alguma rede social.
Ao contrário do que se imagina, a
eficácia da evangelização dos jovens nos ambientes virtuais não está
primeiramente ligada às técnicas, ao potencial de marketing ou à
criatividade das postagens. De acordo com padre Clóvis, o testemunho de
vida fora e dentro das redes é o melhor caminho para quem quer
evangelizar a juventude por meio das novas tecnologias.
“A
autenticidade, a coerencia e a vivência do Evangelho são fundamentais.
Arrisco dizer que sem isso, qualquer esforço seria estéril; poderia até
ser bem sucedido no início, mas não resistiria à prova do tempo,” afirma
o sacerdote.
Para o padre, a linguagem da Igreja precisa se
adequadar à dos jovens. “Não se pode colocar vinho novo em odres
velhos”, lembra o sacerdote, citando a frase de Jesus no Evangelho de
Lucas (Lc 5,38). Segundo ele, é preciso questionar: será que a Igreja
não está levando a graça de Deus que é sempre nova, em “recipientes
velhos”, com linguagens e métodos que os jovens não entendem?
“Não
tenhamos receio de buscar entender as novas linguagens deste tempo tão
desafiador para todos. Com a criatividade do Espírito Santo é preciso
interagir com essa multidão sedenta de Água Viva, desejosa da verdade
não simulada e que busca, talvez sem ter muita consciência disso, um
encontro real e presencial, num tempo em que parece prevalecer a
virtualidade.”Desafios e riscos da evangelização virtual
Desafios
e riscos também marcam esta nova forma de evangelizar. Segundo o padre
Pedro Gilberto Gomes, Jesuíta, Doutor em Ciência da Comunicação e
Pesquisador também na área da comunicação, deve-se ter cuidado para não
formar uma “espiritualidade apenas virtualizada” e distante do concreto.
Padre
Pedro recomenda um cuidado especial para não se perder o
inter-relacionamento pessoal e a vida de comunidade. Para ele é
necessário que se viva uma vida eclesial, que se esteja num espaço onde a
formação humana e espiritual possa acontecer também frente-a-frente,
num ambiente onde se possa exercitar, concretamente, os princípios
cristãos.
Padre Clóvis Andrade acredita que a presença da
Igreja nos meios de comunicação não trata-se de um fascínio pelas
tecnologias ou um modismo desse ou daquele equipamento de última
geração. Isto seria um risco para os cristãos. Segundo ele, trata-se na
verdade de entender que a Igreja é chamada a fazer-se presente onde o
homem se encontra e ali ajudá-lo a encontrar-se com Cristo e ter uma
vida repleta de sentido.
Na opinião de padre Clóvis, estar
nas novas mídias é uma maneira de formar o homem e a mulher, de modo
especial os jovens, para uma visão crítica que lhes ajude a repensar
alguns conceitos e até mesmo dosar o tempo que passa no ambiente virtual
e o tempo que investe nos relacionamentos presenciais tão importantes e
insubstituíveis.
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