Ao termo de três anos de reflexões promovidas pelo Conselho das Igrejas holandesas, nove Igrejas dos Países Baixos, entre as quais a Igreja católica, subscreveram uma declaração comum na qual elas reconhecem o mesmo batismo cristão.
Qual é gênese deste projeto?
Vista a diversidade das Igrejas
cristãs holandesas, os reconhecimentos de batismo durante muito tempo
colocaram problemas aos Países Baixos. No início dos anos 60, o
casamento da princesa Irene – irmã da atual rainha Beatriz – com um
príncipe católico, e seu batismo em Roma, após os quais ela teve que
renunciar à Coroa holandesa, tinha provocado muita emoção nos Países
Baixos. As discussões iniciadas após este episódio tinham contribuído
para iniciar, desde o fim dos anos 60, uma sucessão de reconhecimentos
bilaterais de batismo entre a Igreja católica romana e certas Igrejas
protestantes neerlandesas.
Em 2009, o Conselho das Igrejas
da Holanda, que agrupa 13 Igrejas cristãs, desejou ir mais longe,
lançando um grupo de trabalho incumbido de ampliar e aprofundar o
princípio de unicidade do batismo cristão e de superar as divergências
entre certas Igrejas que não reconhecem “o batismo daqueles que
professam sua fé” – os adultos ou os que crêem – e as Igrejas que
praticam, por vezes de maneira exclusiva, o batismo das crianças.
O que diz este ato de reconhecimento?
O acordo de “reconhecimento do
batismo” foi firmado pela Igreja anglicana dos Países Baixos, a Igreja
protestante dos Países Baixos, a Igreja reformada, a Igreja católica
romana, a Igreja ortodoxa siríaca, a Igreja católica reformada de
Utrecht, e várias igrejas evangélicas holandesas. O acordo é proposto em
dois textos: no primeiro, as nove igrejas signatárias reconhecem como
legítimo e único o batismo administrado por suas respectivas Igrejas e
pronunciado “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, seja por
imersão completa ou simples aspersão. O segundo texto, ao qual se
associaram igualmente as Igrejas menonitas e as batistas, constata a
“aproximação das posições” em referência a certos pontos ainda
divergentes.
Qual será o alcane destes textos?
Para o Conselho das Igrejas da
Holana, trata-se de um momento histórico na história das Igrejas nos
Países Baixos. “Este texto é mais do que o termo de um trabalho
ecumênico entre protestantes e católicos, já que ele associa igualmente
nossos irmãos ortodoxos. Ele facilitará a validade dos diferentes
rituais nas tão numerosas famílias, nos Países Baixos, que educam seus
filhos numa espiritualidade cristã mista. Ele constitui igualmente um
marco importante no trabalho de aproximação das Igrejas, que deveria,
aliás, ser prosseguido com novas discussões em torno da Eucaristia”,
explica Klaas van der Kamp, secretário geral da organização.
A Igreja católica dos Países
Baixos, que já reconhece a maioria dos batismos, não considera este
texto como revolucionário. Mas, ela reconhece ter atuado neste processo
de aproximação, pois esta assinatura “concretiza a expressão da vontade
das Igrejas de trabalhar numa sinergia maior”, segundo Bert Elbertse,
porta-voz dos bispos dos Países Baixos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário