sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Holanda, um passo para batismos ecumênicos.

Ao termo de três anos de reflexões promovidas pelo Conselho das Igrejas holandesas, nove Igrejas dos Países Baixos, entre as quais a Igreja católica, subscreveram uma declaração comum na qual elas reconhecem o mesmo batismo cristão.
Qual é gênese deste projeto?
Vista a diversidade das Igrejas cristãs holandesas, os reconhecimentos de batismo durante muito tempo colocaram problemas aos Países Baixos. No início dos anos 60, o casamento da princesa Irene – irmã da atual rainha Beatriz – com um príncipe católico, e seu batismo em Roma, após os quais ela teve que renunciar à Coroa holandesa, tinha provocado muita emoção nos Países Baixos. As discussões iniciadas após este episódio tinham contribuído para iniciar, desde o fim dos anos 60, uma sucessão de reconhecimentos bilaterais de batismo entre a Igreja católica romana e certas Igrejas protestantes neerlandesas.
Em 2009, o Conselho das Igrejas da Holanda, que agrupa 13 Igrejas cristãs, desejou ir mais longe, lançando um grupo de trabalho incumbido de ampliar e aprofundar o princípio de unicidade do batismo cristão e de superar as divergências entre certas Igrejas que não reconhecem “o batismo daqueles que professam sua fé” – os adultos ou os que crêem – e as Igrejas que praticam, por vezes de maneira exclusiva, o batismo das crianças.
O que diz este ato de reconhecimento?
O acordo de “reconhecimento do batismo” foi firmado pela Igreja anglicana dos Países Baixos, a Igreja protestante dos Países Baixos, a Igreja reformada, a Igreja católica romana, a Igreja ortodoxa siríaca, a Igreja católica reformada de Utrecht, e várias igrejas evangélicas holandesas. O acordo é proposto em dois textos: no primeiro, as nove igrejas signatárias reconhecem como legítimo e único o batismo administrado por suas respectivas Igrejas e pronunciado “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, seja por imersão completa ou simples aspersão. O segundo texto, ao qual se associaram igualmente as Igrejas menonitas e as batistas, constata a “aproximação das posições” em referência a certos pontos ainda divergentes.
Qual será o alcane destes textos?
Para o Conselho das Igrejas da Holana, trata-se de um momento histórico na história das Igrejas nos Países Baixos. “Este texto é mais do que o termo de um trabalho ecumênico entre protestantes e católicos, já que ele associa igualmente nossos irmãos ortodoxos. Ele facilitará a validade dos diferentes rituais nas tão numerosas famílias, nos Países Baixos, que educam seus filhos numa espiritualidade cristã mista. Ele constitui igualmente um marco importante no trabalho de aproximação das Igrejas, que deveria, aliás, ser prosseguido com novas discussões em torno da Eucaristia”, explica Klaas van der Kamp, secretário geral da organização.
A Igreja católica dos Países Baixos, que já reconhece a maioria dos batismos, não considera este texto como revolucionário. Mas, ela reconhece ter atuado neste processo de aproximação, pois esta assinatura “concretiza a expressão da vontade das Igrejas de trabalhar numa sinergia maior”, segundo Bert Elbertse, porta-voz dos bispos dos Países Baixos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário