Desde pequena sentiu grande atração por Jesus Cristo presente na
Eucaristia. Passava horas em silêncio diante do sacrário a pensar, como ela dizia.
Começou a confessar-se aos cinco anos e aos sete, sem prevenir ninguém,
aproximou-se da Sagrada Comunhão. Movida pelo Espírito Santo, fez voto
de virgindade perpétua, dizendo a Nosso Senhor: “Juro um milhão de vezes
que serei sempre vossa, Senhor. Se algum dia Vos hei-de ser infiel,
levai-me imediatamente”.
Aos 15 anos entrou no Instituto das Irmãs de Caridade de Lovere,
fundado por Santa Bartolomea Capitanio, mas deixou-o espontaneamente ao
cabo de seis meses, por falta de saúde.
Em 1867, para aliviar as carências da família, foi para Chiari como
empregada doméstica do arcipreste, Padre João Batista Rota, futuro Bispo
de Lodi, indo depois para S. Gervasio d’Alda (Cremona) como dama de
companhia da Condessa Fé-Vitali.
Foi ali que, em 1879, se encontrou pela primeira vez com o Padre
Francisco Spinelli. Os dois tinham os mesmos ideais: fundar uma
congregação que tivesse por fim a adoração perpétua ao Santíssimo
Sacramento e a educação cristã de meninas pobres.
Em 1880, tendo estado em Roma, entrevistou-se com o Papa Leão XIII a
quem falou de seu projeto. Este pontífice apoiou sua obra, mas além da
adoração ao Santíssimo Sacramento enfatizou a educação das jovens
operárias.Depois
da morte dos pais e de conseguir separar-se da família Fé-Vitali, que a
estimava como filha, foi para Bérgamo onde, sob a orientação espiritual
do Padre Spinelli, com sua irmã Bartolomea e uma outra companheira, deu
início ao novo Instituto, a 15 de agosto de 1882.
Decorrido dois anos, a 15 de dezembro de 1884, com a bênção e
consentimento do Bispo, D. Camilo Guindani, cinco Adoradoras ou
Sacramentinas vestiram o hábito, e Catarina Comensoli, que tomara o nome
de Irmã Gertrudes do Santíssimo Sacramento, foi eleita Superiora da
comunidade, de que faziam parte outras nove religiosas que haviam
professado anteriormente.
O Instituto difundiu-se rapidamente por várias cidades e povoações.
Tudo parecia correr pelo melhor quando uma grande tempestade desabou
sobre a Congregação. Por razões nada fáceis de apurar, as casas e bens
do Instituto foram confiscados, sem culpa dos fundadores. Por outro
lado, entre eles tinha havido já um certo desentendimento: a Irmã
Gertrudes desejava que o Instituto desse primazia à adoração ao
Santíssimo, ao passo que o Padre Spinelli era de opinião que as obras de
caridade deviam ocupar o primeiro posto. Quando o caso da falência se
veio juntar a esta divergência, o desfecho natural era cada um seguir o
próprio caminho.
A Irmã Gertrudes, por conselho do Bispo Guindani, afastou-se
temporariamente de Bérgamo, levando consigo um grupo de religiosas, que
tomaram o nome de Sacramentinas. Foram para Lodi, onde o Bispo João
Batista Rota as acolheu favoravelmente e em 8 de setembro de 1891 lhes
concedeu a aprovação diocesana.
No ano seguinte, a 28 de março, puderam regressar à casa de Bérgamo já
resgatada da hipoteca. Foi ali que a Madre Gertrudes passou os últimos
anos de vida. Aproveitou-os para dar consistência e desenvolvimento ao
Instituto e sobretudo para lhe incutir o carisma próprio da adoração e
reparação ao Santíssimo Sacramento.
A
Santa Sé concedeu-lhes o Breve laudatório a 11 de abril de 1900 e a
aprovação definitiva a 14 de dezembro de 1906, quando a fundadora já
havia partido para a eternidade. Com efeito, Madre Gertrudes havia
falecido aos 56 anos, no dia 18 de fevereiro de 1903.
O solene funeral bem mostrou de quanta veneração ela gozava entre
todos. Em 9 de agosto de 1926, o venerado cadáver foi transportado do
cemitério para a Casa Mãe, onde permanece numa capela apropriada,
contígua à Igreja da Adoração.
A sua fama de santidade confirmou-se no processo canônico, que levou à
declaração das virtudes heróicas a 26 de abril de 1961.
Deus corroborou com um milagre, aprovado no dia 13 de maio de 1989,
quanto foi preciosa aos Seus olhos a vida e morte de Madre Gertrudes
Comensoli, que finalmente recebeu as honras da beatificação no dia 1º de
outubro do mesmo ano.
Em 26 de abril de 2009, Bento XVI a inscreveu no livro dos Santos.
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