A história como lugar de encontro
com Deus e a figura do Messias lida através de alguns Salmos. Estes
foram os temas centrais das duas meditações feitas pelo presidente do
Pontifício Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, nesta
terça-feira, 19, no retiro espiritual para o Papa e a Cúria Romana. Hoje
é o terceiro dia dos Exercícios Espirituais, que acontecem na Capela Redemptores Mater, no Vaticano.
Depois
do espaço, hoje é o tempo o centro das meditações do Cardeal Ravasi.
Também a história é, de fato, lugar da teofania (manifestação de Deus). O
próprio Antigo Testamento mostra isso, especialmente naquele em que o
purpurado define como a crença histórica de Israel, isso é, os passos de
onde emerge que a fé está ligada aos fatos, onde se refere a Deus como
Aquele que libertou o povo da escravidão do Egito.
O Cardeal
mostrou como o encontro com Deus acontece nos emaranhados dos eventos,
marcados pelo sofrimento, mas também pela alegria. Uma realidade que se
torna ainda mais visível com a Encarnação.
“A história é e deve
ser sempre o lugar de nós amados encontrar o nosso Senhor, o nosso Deus.
Mesmo se é um terreno no qual nós mesmos vemos talvez o silêncio de
Deus ou vemos a apostasia dos homens”.
É a esperança, também a
virtude central para compreender que a história não é uma série de
eventos sem sentido algum, mas, como se vê no livro de Jó, existe sobre
esta um projeto de Deus.
“Nós, com a esperança, temos certeza de
não estar à mercê de um fato, de um fato imponderável. O nosso Deus se
define no Êxodo 3 com o pronome de primeira pessoa ‘Eu’ e com o verbo
fundamental ‘Eu Sou’. Então, é Pessoa que age, que vive no interior dos
eventos e é por isso que então o nosso relacionamento com Ele é um
relacionamento de confiança, de diálogo, de contato. Bem, a esperança
nasce da convicção de que a história não é uma classificação de eventos
sem sentido”.
Um olhar, este, profundamenete ligado à
eternidade. A segunda meditação teve em seu centro a figura do Messias,
lida principalmente através de três Salmos, dos quais emergem algumas
características. Primeiro de tudo, aquela do Messias como Aquele que faz
brilhar a justiça, especialmente para os últimos, para os pobres.
“Paulo
deu a melhor definição desta justiça, que se coloca em nível das
pessoas vítimas da injustiça. Paulo, no famoso Hino dos Filipenses 2,
diz: Ele mesmo estando na condição de Deus não considerou um privilégio
ser como Deus, mas esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo e
transformando-se similar aos homens”.
Também emerge a
característica do sacerdócio de Cristo como um sacerdócio de graça, não
“biológico”, mas ao modo de Melquisedeque e, enfim, do Messias, como
Filho de Deus, que com a Ressurreição manifesta plenamente a sua
divindade. A dimensão messiânica pode ser vista como o coração do
Saltério.
“Precisamos também mais frequentemente apenas sentar e
contemplar a figura de Cristo, o Messias que tem em si todo este
respiro do Antigo Testamento e o traz à plenitude”.
A liturgia
como lugar da revelação de Deus foi o grande tema da reflexão do Cardeal
Ravasi nos Exercícios desta segunda-feira, 18. Foram duas dimensões
fundamentais: aquela vertical, o olhar para Deus, e a horizontal, o
olhar para os irmãos. Ele destacou que o amor entre os irmãos e a
confissão dos próprios pecados são também momentos fundamentais para
cruzar o limiar que conduz à comunhão com o Senhor. “Para ir à Comunhão
com Deus – um só Pão, um só Cálice – é necessário ser um só Corpo, é
necessário haver comunhão entre nós”, disse.
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