"Esta atitude dele [do Papa Bento
XVI] ainda foi um passo novo da sua evangelização e missão", disse o
Cardeal João Braz Aviz, Prefeito da Congregação para a Vida Religiosa,
que esteve presente no Consistório em que o Santo Padre renunciou ao
ministério petrino. O cardeal ressalta também que a atitude do Papa foi
corajosa, humilde, simples; uma atitude – por ele mesmo dita – rezada e
meditada, um ato de amor para a própria Igreja.
Dom João relata que a
apresentação da renúncia de Bento XVI não era do conhecimento de nenhum
dos cardeais e todos ficaram surpresos com a decisão. "Nós fomos
convocados pelo Papa para um Consistório e, normalmente, nessa época tem
um Consistório para a aprovação dos nomes dos novos santos."
O cardeal explica que o Consistório, realizado nessa segunda-feira, 11,
se desenvolveu com normalidade. "Tivemos em torno de 45 minutos das
várias partes: a apresentação da vida dos santos e como foram os
processos. De repente, em latim, o Papa começou a falar da sua demissão.
Sinceramente, foi uma surpresa muito grande, assim como para os outros,
pois, vi a reação dos cardeais".
De acordo com o Cardeal
Aviz, a demissão de Bento XVI cria uma situação de passagem para a
Igreja. Um fato raro na história da fé católica e que há séculos não se
via. No entanto, segundo Dom João, o Papa havia dado indícios de sua
saída no livro Luz do Mundo, escrito por ele, e em outras ocasiões.
Para
o cardeal, a atitude do Papa é de muita profundidade, honestidade
interior e de uma pessoa que é madura e santa. O Papa não teve "nenhum
compromisso com o poder nesse sentido, e sim com a missão, o desejo de
servir a Igreja, como ele sempre disse: 'Eu sou um humilde servo da
vinha do Senhor'.
Bento XVI presenciou de perto todo o
sofrimento, toda "a paixão", inclusive, a agonia dos últimos dias da
vida de João Paulo II. Dom João explica que, por essa razão, algumas
pessoas podem pensar: por que o Santo Padre não fez o mesmo, levando seu
Pontificado até o fim? E refletiu que, talvez, a atitude do Papa em
renunciar seja um gesto de poupar a Igreja de novamente passar, outra
vez, por tudo isso.
O que acontece agora?
A
partir do dia 28 de fevereiro todas as autoridades do Vaticano serão
destituídas, inclusive o cardeal, Secretário de Estado, todos os
prefeitos das congregações romanas e presidentes de conselhos
pontifícios. Não havendo Papa, não há em volta da Igreja outro governo,
senão os de teor administrativo.
“Nós, digamos, perdemos todo
tipo de autoridade. Essa autoridade permanece, porém, numa pessoa, o
cardeal que cuida dos preparativos das eleições do conclave e,
sobretudo, dentro do corpo de cardeais que poderá eleger o novo Papa”,
explicou Dom João.
Sobre o Conclave
Segundo
Dom João, serão cerca de 130 cardeais que irão participar do conclave
que elegerá o novo Papa. Eles terão a missão de escutar a Deus e “abrir o
coração para este discernimento", afirma Dom João.
“É um
momento de oração, de discernimento, onde toda a Igreja deve acompanhar
com atenção, a fim de que realize sua missão de levar a salvação e a
verdade de Cristo a todos. Sobretudo nesse momento que me parece ter uma
solenidade muito grande porque é um momento de grandes mudanças”,
enfatizou.
Para o cardeal, esse tempo que os católicos estão
vivendo é o momento para toda a Igreja estar unida e acompanhar, rezar e
viver com muita responsabilidade.
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