Ótima maneira de mergulhar na miséricordia do Senhor
A Solenidade do Sagrado Coração
é uma celebração de origem relativamente recente, embora a ideia seja
muito antiga, pois está enraizada na Sagrada Escritura. A grande
propagadora dessa devoção foi Santa Margarida Maria, que, entre os anos
de 1673 e 1675, teve uma série de visões nas quais Cristo lhe pediu que
trabalhasse para a instituição de uma festa em honra a Seu Sagrado
Coração.
Dessa
forma, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é a devoção a Cristo. No
entanto, nossa devoção não deve permanecer no nível do sentimento. Devotio,
palavra latina que deu origem à palavra "devoção", é muito mais forte
do que seus equivalentes nas línguas atuais. No contexto religioso
indica a determinada vontade de fazer a vontade de Deus, ou seja, esta
devoção é feita por aceitar o convite de Cristo para tomar a nossa cruz e
segui-Lo.
A devoção ao Coração de Jesus decorre da meditação dos textos biblícos, esta relação foi confirmada pelo Papa Pio XII na Encíclica Haurietis Aquas,
sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Afirma o Sumo Pontífice que:
“Com todo esse amor, terníssimo, indulgente e longânime, mesmo quando
se indigna pelas repetidas infidelidades do povo de Israel, Deus nunca
chega a repudiá-lo definitivamente; mostra-se, sim, veemente e sublime;
mas, contudo, em substância isso não passa do prelúdio daquela
inflamadíssima caridade que o Redentor prometido havia de mostrar a
todos com o seu amantíssimo coração, e que ia ser o modelo do nosso amor
e a pedra angular da Nova Aliança”.
Dentre as fundações bíblicas
destacamos, do Antigo Testamento, a Aliança de Deus com o povo, narrada
no livro de Deuteronômio: "Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o
único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus com todo o teu coração,
com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E estas palavras que
hoje te ordeno estarão sobre o teu coração" (Dt 6,4-6).
No
Novo Testamento, o Evangelho de São João traz dois trechos que são
centrais no culto ao Sagrado Coração de Jesus: “Se alguém tem sede,
venha a mim, e beba, quem crê em mim — conforme diz a Escritura: Do seu
interior correrão rios de água viva” (Jo 7, 37-38).
“Chegando
a Jesus viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as
pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente
saiu sangue e água” (Jo 19, 33-34).
Na tradição cristã, o sangue é interpretado como um símbolo do sacrifício e do mistério Eucarístico. A água simboliza o Espírito Santo, que flui de Cristo à Igreja. Este Coração é uma fonte inesgotável de vida e de bênção.
Outros Santos Padres também recomendaram essa devoção. Além da Haurietis Aquas, do Papa Pio XII, encontramos, na Carta Apostólica Investigabiles Divitais Christi,
do Papa Paulo VI, a afirmação de que essa devoção é uma ótima maneira
de honrar a Jesus, observando inclusive a estreita relação entre ela e o
mistério Eucarístico. O saudoso Papa João Paulo II, em sua primeira
encíclica, Redemptor Hominis, afirmou que: “A redenção do mundo
— aquele tremendo mistério do amor em que a criação foi renovada é, na
sua raiz mais profunda, a plenitude da justiça num Coração humano”, por
diversas vezes ele associou o Coração de Cristo a cada coração humano.
Portanto, o coração é o símbolo que fala do interior e do espiritual.
Desta forma, o Senhor ilumina o coração humano e o convida a
compreender e mergulhar nas "insondáveis riquezas" que brotam de Seu
Coração. Jesus nos atrai para Seu Coração e fala ao nosso coração,
porque deseja comunicar todo o Seu amor, para que tenhamos um coração
semelhante ao d'Ele.
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