"Nem tudo o que é lei é ético,
moral e justo", afirmou o arcebispo de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo
Damasceno de Assis, nesta quinta-feira, 12. Dia em que o Supremo Tribunal Federal decidiu não ser crime o aborto de bebês anencéfalos.
O
cardeal recordou que há algumas décadas o racismo era legalizado em
alguns países. A pessoa que discriminasse um negro não era punida pela
lei, mas nem por isso a discriminação era justa.Da mesma forma, o fato de alguém
não ser penalizado pela prática do aborto de um bebê anencéfalo "não
exime sua responsabilidade e dever de seguir sua consciência moral
guiada pela reta razão", enfatizou Dom Damasceno.
Ele recordou
que o direito à vida é um direito fundamentado e apoiado na natureza do
homem, portanto, independe de religião, é fundado na essência do homem.
"O primeiro direito é o direito à vida, descrito na Constituição Federal
de 1988 quando diz que o direito à vida é inviolável", afirmou o
cardeal, que destacou as palavras do ministro Ricardo Lewandowski, ao
dizer que quando "a lei é clara não há espaço para a interpretação".
Para
o bispo de Taubaté, Dom Carmo João Rhoden, a pessoa que "nega o
primeiro princípio - o direito à vida - não tem como defender os
outros".
Pressão social
Na opinião de
Dom Carmo, atrás dessa decisão do STF existem forças internacionais, uma
pressão da mentalidade atual "hegemônica, materializante e hedonista",
onde até a vida animal tem sido cada vez mais valorizada e o ser humano,
ao contrário, tem sido rebaixado.
O bispo de Caraguatabuba
(SP), Dom Antônio Carlos Altieri, também comentou sobre a existência de
uma pressão social, inclusive da mídia, no julgamento de decisões como
essas, e que afetam até a própria consciência.
"A mídia faz
toda uma propaganda e cria uma pressão tal que leva o leigo em geral a
conceder à maioria. 'Todo mundo está fazendo agora pode, a lei
aprovou'. Como se a legalidade autorizasse moralmente a situação",
disse.
Distorção
Segundo o bispo de
Lorena (SP), Dom Benedito Beni dos Santos, se fala em uma interpretação
da lei, mas ao invés disso, há uma distorção das leis. "A pretexto de
interpretar a Constituição se distorce a Constituição, e ainda mais,
existe uma distinção entre os três poderes, e cada um precisa respeitar a
autonomia do outro. Parece-me que o STF está assumindo, até com certa
frequência, a tarefa de legislar, o que não lhe compete".
Outro
aspecto ressaltado por Dom Beni é que muitas pessoas consideram que
defender a vida e ser contra o aborto é uma questão religiosa. O bispo
defende o contrário.
"Antes de tudo é uma questão de lei
natural, a lei escrita por Deus em nossos corações, na razão humana. E
depois alguns afirmam que a posição da Igreja é antes científica. Mas
não nos esqueçamos que a doutrina da Igreja sobre o aborto e outras
questões relativas a vida, está baseada na ciência. Inclusive a Santa Sé
possui a Pontifícia Academia pela Vida composta por dezenas de
cientistas de renome", explicou.
Fonte:CNBB
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