Antonio Primaldo é o único nome que se transmitiu dos oitocentos
desconhecidos pescadores, artesãos, pastores e agricultores de Otranto,
cujo sangue foi derramado pelo exército muçulmano só porque eram
cristãos.
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Nesse dia, às primeiras horas da manhã, desde as muralhas de Otranto se
fez visível no horizonte uma frota de 90 galeras, 15 mahonas e 48
galeotas, com 18 mil soldados a bordo. A armada era guiada pelo paxá
Agometh, que estava às ordens de Maomé II, chamado Fatih, o
Conquistador, quem em 1453 tinha conquistado Bizâncio e agora queria
Roma.
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Em junho de 1480 Maomé II tirou o cerco a Rodi, defendida com coragem
pelos seus cavalheiros, e dirigiu sua frota na direção do mar Adriático.
Otranto era –e é– a cidade mais oriental da Itália. A importância do
seu porto fez com que assumisse o papel de ponte entre o oriente e o
ocidente.
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Cercado, o castelo se converteu no refúgio dos habitantes e era
defendido somente por 400 soldados que não demoraram em abandonar a
cidade deixando os refugiados sozinhos.
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Depois de quinze dias de cerco, ao amanhecer de 12 de agosto, os turcos
concentraram o fogo contra um dos pontos mais fracos das muralhas,
abriram uma brecha, irromperam nas ruas, massacraram todos os que viram
pela frente e chegaram à catedral onde se refugiou boa parte dos
habitantes.
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Derrubaram a porta e cercaram o Arcebispo Stefano, que estava com os
trajes pontificais e com o crucifixo na mão. Ao ser intimado a não falar
mais o nome de Cristo, já que desde aquele momento quem mandava era
Maomé, o Prelado respondeu exortando os assaltantes à conversão, e por
isso foi decapitado.
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Entre aqueles heróis houve um de nome Antonio Primaldo, alfaiate de
profissão, de idade avançada, quem, em nome de todos, afirmou: “Todos
acreditam em Jesus Cristo, Filho de Deus, e estamos dispostos a morrer
mil vezes por Ele”. Agometh decreta a condenação à morte de todos os 800
prisioneiros.
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Na manhã seguinte estes foram conduzidos com cordas no pescoço e com as
mãos amarradas para trás até colina da Minerva, poucas centenas de
metros fora da cidade. Repetiram todos a profissão de fé e a generosa
resposta dada antes; por isso o tirano ordenou que começasse a
decapitação e, que primeiro cortassem a cabeça do velho Primaldo.
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Ele era motivo de ódio para os muçulmanos porque não deixava de se fazer
de apóstolo entre os seus, mais ainda, antes de inclinar a cabeça sobre
a rocha, afirmava a seus companheiros que via o céu aberto e os anjos
animando; que se mantivessem fortes na fé e que olhassem o céu já aberto
para recebê-los.
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Ele se inclinou, sua cabeça foi cortada, mas o corpo ficou de pé: e
apesar dos esforços dos assassinos, permaneceu erguido imóvel, até que
todos fossem decapitados.
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Este fato teria sido uma lição para a salvação dos muçulmanos. Um só
verdugo de nome Berlabei, valorosamente acreditou no milagre e,
declarando-se em alta voz cristão, foi também martirizado.
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